domingo, 3 de outubro de 2010

Dois anos da Lei do Estágio - Algumas considerções

             Você que é estagiário sabia que existe uma lei que regulamenta a sua profissão? Há dois anos, no dia 25 de setembro de 2008 a lei nº 11.788/08 foi promulgada. Ela discorre sobre os objetivos pedagógicos e educativos da atividade. Já no Art. 1º ela relata que o “Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.” 
              O interessante é que a lei, além de estabelecer direitos e deveres do próprio estagiário e da empresa que lhe concede o cargo, define como a instituição de ensino em que o estudante é vinculado deve se comportar para facilitar que ele consiga o emprego.
              O Nube divulgou um balanço dos dois anos de existência da lei a fim de mostrar os resultados das mudanças trazidas por ela. Antes da sua promunlgação havia 1,1 milhão de estagiários no país, sendo 715 mil do nível superior e 385 mil do ensino médio e médio técnico. Hoje, esse número caiu para 900 mil, divididos respectivamente em 650 mil e 250 mil.  
A interpretação desses números pode indicar que antes da aprovação da lei, muitos estudantes estavam realizando suas atividades de estagiários de maneira irregular ou imprópria. Segundo o Superintendente do Núcleo Brasileiro de Estágios, Alberto Cavalheiro, a diminuição no número de contratações pode representar uma dificuldade das empresas de se adaptar à nova lei, em relação à carga horária do estagiário, ao salário, etc. Isso pode explicar a diminuição em 20% do número de vagas no Brasil.
A lei é relativamente recente e muitos  já estagiavam antes de ela existir. O engenheiro mecânico recém formado, Gustavo Greco, é um desses.  Quando ele começou a estagiar não existia nenhuma lei que regulamentava a atividade como uma profissão. "O meu horário de trabalho era pré-determinado, mas nunca realmente tinha hora para sair. Acho que isso era o pior de tudo." Ele completa dizendo que antes da lei as atividades que ele realizava no seu emprego não eram exatamente relacionadas com a sua futura área de formação. "A lei do estágio ajudou muito para tornar a atividade parte do curso, mesmo." 
Essa característica profissionalizante que se acentuou com a lei do estágio, aumentou as chances de contratação do estagiário como um trabalhador da empresa após a formatura. Para Gustavo foi assim. "Eu me envolvi com a empresa em que estagiava e acabei sendo contratado após a minha formatura. Acho que antes da lei do estágio isso seria mais difícil de acontecer.
Mas nem todos acham que a lei trouxe apenas benefícios. Ellen Barros, formada em Relações Públicas e aluna de Jornalismo acha que a lei tem seus defeitos. "Antes da lei eu fazia dois estágios de quatro horas e conseguia acumular mais experiências, hoje isso não é possível. A lei não permite". Apesar desse defeito, Ellen concorda que não é tão ruim assim. "Em compensação eu trabalho menos e tenho mais tempo para estudar".
Nós, estagiários recém contratados não temos noção dos benefícios que a lei nº 11.788 touxe para o reconhecimento da profissão. É importante que todos leiam e saibam dos seus direitos. Aquela idéia de que estagiário é “escravo” já foi abandonada há muito tempo, mas se você ainda é tratado como um não hesite em reivindicar seus direitos!

Um comentário:

  1. oi Gabi,
    a matéria está bem melhor. Senti falta da palavra de um coordenador de estágio de Comunicação (fonte fácil para nós) ou da própria PUC em geral para dar esses dados localizados, já que você fez isso em nível nacional.
    abs,

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